sábado, 22 de agosto de 2015

Análise de Filmes #04 - Divertida Mente (2015)


Pôster brasileiro de Divertida Mente


Olá para vocês, leitores do Fênix no Sekai. Aqui é o Diego Felipe e esta é mais uma matéria sobre filmes... Era pra eu ter feito ela pra semana passada mas só pude fazê-la essa semana. E estive refletindo bastante e acho que vou voltar a deixar as análises de filme variadas, sem maior foco em filmes orientais.

E dessa vez vou fazer a análise de um filme que ainda está nos cinemas, pessoal: Divertida Mente, o décimo quarto filme da Pixar Animation Studios. .

Ficha Técnica

Diretor: Pete Docter, Ronnie del Carmen (co-diretor)
Produtor: Jonas Rivera
Roteiro: Pete Docter, Ronnie del Carmen, Meg LeFauve e Josh Cooley
Estúdio: Pixar Animation Studios / Walt Disney Pictures
Duração: 94 minutos
País: EUA

A História

O conceito do filme é que cada pessoa tem sua mente, suas memórias e suas ações controladas por cinco emoções: Alegria, Tristeza, Medo, Nojinho e Raiva. Essas emoções controlam cada um dentro de uma sala de controle dentro do cérebro. E a trama aborda as respectivas emoções em Riley Andersen, uma garota de 11 anos que leva uma vida feliz com seus pais em Minnesota.

Da esquerda para a direita: Raiva, Medo, Alegria, Nojinho e Tristeza
A mente de Riley funciona graças às suas memórias, retratadas no filme como bolas que rolam por um circuito até serem armazenadas. Alegria é a emoção que mais comanda a cabeça de Riley (por isso todas as memórias-base de Riley são predominadas pela Alegria) e, ainda que prefira influenciar a maior parte das ações da garota, conta com um valorizado apoio de Medo, Nojinho e Raiva.

A garota Riley Andersen, de 11 anos

No entanto o mesmo não pode se dizer da Tristeza, que detém o mínimo de controle possível das ações de Riley por causa da incompreensão de sua relevância por parte das outras emoções. E também pelo temor das mesmas de que Tristeza afete a felicidade da menina, principalmente de Alegria.

Riley se muda de Minnesota para San Francisco devido ao trabalho do pai dela. Ao chegar lá a garota começa a ter dificuldades para se adaptar e em seu primeiro dia de aula acontece um incidente na sala de controle de sua mente fazendo com que Alegria e Tristeza acabem fora da sala de controle e Riley passa a vivenciar momentos conflituosos.

As cinco emoções na sala de controle


Agora Alegria e Tristeza terão um longo percurso a fazer para voltar à sala de controle e Riley começa a passar por graves conflitos emocionais devido às dificuldades de Nojinho, Raiva e Medo em controlar sua mente. Para voltarem para a sala de controle, Alegria e Tristeza contarão com o apoio de Bing Bong, um esquecido amigo imaginário de Riley.

A Análise

Depois de chegar ao bilhão de dólares em 2010 com Toy Story 3 (que foi até o lançamento de Frozen – Uma Aventura Congelante a maior bilheteria em animação da história do cinema) a Pixar passou por uma frase de diminuição em seu nível de criatividade. Carros 2 não foi um sucesso de crítica (apesar de boa bilheteria), Valente ficou aquém dos demais filmes dos padrões do estúdio e Universidade dos Monstros, embora elogiado, não é uma prequência à altura de Monstros S.A.

Riley com seus pais


A Pixar apostou suas fichas em Divertida Mente, de Pete Docter (mesmo diretor de Monstros S.A. e Up – Altas Aventuras) para uma volta triunfal após não ter lançado nenhum filme em 2014. E a aposta se mostra certeira, como um filme que foi aclamado pela crítica, faz bonito nas bilheterias e mostra um enredo com base infantil, mas desenvolvimento maduro, interessante e reflexivo.

A premissa é bem executada, mostrando em atitudes simples como as cinco emoções costumam atuar na menina Riley ou interagir entre si, principalmente em situações simples. Por exemplo, quando Riley é apenas um bebê e o pai a alimenta com brócolis, a Nojinho a faz repudiar o vegetal; e quando o pai ameaça deixá-la sem sobremesa é a vez de Raiva se irritar e fazê-la abrir o berreiro; Medo evita que ela se machuque tropeçando em um fio enquanto corre pela casa e idealiza os medos e temores que ela sente; e Alegria é responsável por propiciar diversos momentos de felicidade à Riley, como ao jogar hóquei, ao passear com os pais, ao brincar pela casa, etc. 



São momentos e funções aparentemente simples, mas que explicam com precisão como quatro dessas cinco emoções influenciam e controlam Riley. Mas com relação à Tristeza... 
As demais emoções não entendem sua utilidade. Aliás ela própria parece não conseguir interagir e comandar Riley de uma forma que as demais emoções concordem plenamente. Mas ao longo do filme ela encontrará o motivo de sua importância e Alegria poderá compreender que Tristeza também é uma emoção importante na vida de Riley.

Raiva surtando

Aliás, o desenvolvimento de Riley e sua família é agradável. Isso porquê a garota não é uma garota de interesses totalmente clichês, tanto que sua atividade de lazer favorita é o hóquei, um esporte tradicional em sua família. E seus pais são apresentados de forma amorosa e acolhedora, mas também tentam encarar não só problemas pessoais (representados no caso pelo trabalho do pai e pelo atraso das entregas do caminhão de mudança) como tentar entender a mudança de personalidade da filha.

Alegria e Tristeza viajando pelo trem do pensamento

Em aspectos visuais o filme agrada pelos cenários e personagens muito bem colorizados e idealizados, como as ilhas refletidas pelas memórias-base. Inclusive essas ilhas são tão importantes para o funcionamento adequado da mente de Riley que após a pane no sistema de controle e o apagão dessas ilhas é daí que a vida de Riley torna-se conflituosa.

Além das cinco emoções e de Riley, é impossível não citar o carismático personagem Bing Bong, o esquecido amigo imaginário de Riley. Seu desenvolvimento é muito interessante: é um personagem com características infantis (suas lágrimas são na verdade balas, sua aparência é uma mistura de um elefante, golfinho e um gato), mas com uma certa carga dramática por ter sido esquecido e por ver suas esperanças de ser lembrado por Riley ficarem cada vez mais remotas.

Bing Bong


O filme, embora bem roteirizado e idealizado, possui um pequeno contraponto, que é justamente sua complexidade. Há lições e referências que muitas vezes fazem mais sentido para o público mais velho do que para o público infantil, como quando Bing Bong derruba duas caixas denominadas “fatos” e “opiniões” e diz que o conteúdo das caixas sempre é confundido. Ou na cena do jantar em que são mostradas as emoções do pai e da mãe de Riley.

As emoções da mãe...

... e do pai

Outro ponto maduro é a forma como a depressão (palavra nunca citada no filme como já ressaltaram muitas outras análises) é demonstrada em Riley. As ações e atitudes vão ficando cada vez mais bruscas e há uma grande perda de ânimo. Abordar esse problema em uma criança é desafiador demais para um filme infantil, embora Divertida Mente o faça de forma eficiente e esse tema não seja inédito (já foi abordado, por exemplo, em O Serviço de Entregas da Kiki, de Hayao Miyazaki).



O filme também apresenta a abordagem do controle da mente de alguns outros personagens aleatórios, sendo o exemplo mais memorável o dos pais de Riley. E é interessante notar que, ao contrário da sala de controle da mente da menina, as emoções dos pais são mais coordenadas. Por exemplo, o Raiva da cabeça do pai é menos fumegante e estressado e mais calmo, assim como o Medo é um pouco mais destemido.

A trilha sonora é composta por Michael Giacchino, que já trabalhou para a Pixar em Os Incríveis, Ratatouille (recebeu uma indicação ao Oscar pela trilha desse filme), Up – Altas Aventuras (venceu um Oscar pela trilha desse) e Carros 2. São músicas instrumentais que colaboram a situar o público nas situações e contextos das cenas e são bonitas de se ouvir. Abaixo o vídeo com a trilha completa:




Bem, pessoal, desculpe a imensa demora para publicar a matéria. Espero que tenham se divertido lendo. Bem, até a próxima matéria. Um abraço. :v

Fontes Bibliográficas:

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