quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Análise de Filmes #13 - Kokoro ga Sakebitagatterunda. (2015)


Olá para vocês, leitores do Fênix no Sekai. Aqui é o Diego Felipe e trago até vocês mais uma análise de filme. E novamente o filme analisado será uma animação japonesa muito recente: o filme Kokoro ga Sakebitagatterunda (ou, para simplificar, KokoSake).

O filme foi lançado nos cinemas japoneses na segunda metade de 2015 e conseguiu obter êxito de crítica, tanto pela bela animação apresentada quanto pela maior parte de seu roteiro. Bem, sem maiores delongas, vamos aos detalhes importantes.



FICHA TÉCNICA
- Diretor: Tatsuyuki Nagai
- Produtor: Shunsuke Saito
- Roteiro: Mari Okata
- Estúdio: A-1 Pictures
- Duração: 120 minutos
- Data de Lançamento: 19 de Setembro de 2015 (Japão)
- Páis: Japão



A HISTÓRIA

A trama se passa na cidade de Chichibu, cidade da prefeitura de Saitama, e o fio condutor da história é a garota Jun Naruse. Quando criança, Jun era uma menina tagarela, extrovertida e criativa. Porém certa vez ela acaba se deparando com uma situação que uma vez que ela acaba expondo causa a separação de seus pais e uma enorme sensação de culpa por tê-los deixado magoados.

Jun quando era criança
É então que aparece para ela um ovo mágico (um "ovo fada" para ser mais exato), que afirma que existe uma forma dela não deixar mais ninguém magoado: ela deveria manter-se calada o tempo todo. O ovo a amaldiçoa, fazendo com que toda vez que ela fale ela acabe por sentir uma forte dor de estômago.

O "ovo fada"
Os anos se passam e Jun se torna bem diferente do que era quando mais nova: introvertida, discreta e pouco comunicativa (até mesmo com a própria mãe). Porém seu professor, o simpático Kazuki Joushima, a seleciona para o Comitê do Festival de Caridade junto com outros três colegas: o gentil e bondoso Takumi, a não menos bondosa Natsuki (que é amiga de Takumi mas já foram mais próximos no passado) e o enfezado e rebelde Daiki, que comanda o clube de beisebol.


A princípio os alunos (tantos os do Comitê quanto os demais) não se importam com a organização do festival, mas aos poucos Takumi acaba se aproximando de Jun e ela descobre a música como uma forma de se expressar. Não só Takumi mas Natsuki e Daiki vão se aproximando de Jun e desenvolvendo um musical para o festival, sendo a história claramente relacionada com a maldição de Jun.

Da esquerda para a direita: Takumi, Jun, Natsuki e Daiki

A ANÁLISE

Kokora ga Sakebitagatterunda conta com uma staff de realizadores competente e entrosada. Por exemplo, o  diretor Tatsuyuki Nagai e a roteirista Mari Okada, além de alguns outros funcionários, já haviam trabalhado juntos em Anohana, tanto na série de anime quanto no filme animado.


Esse entrosamento se mostra significativo para uma condução delicada e eficiente da trama, por meio de um roteiro caprichado e uma direção competente. Não é que a obra esteja à prova de falhas ou erros, mas Sakabitagetterunda consegue entregar um resultado, no mínimo, satisfatório para o espectador.


O desenvolvimento e progressão dos personagens também se mostra certeiro, principalmente quanto à relação de amizade entre Jun e Takumi, além da reflexão de comportamento de Daiki. A relação entre Jun e a mãe, ainda que não seja mostrada em tantas cenas, também se mostra relevante para compreendermos um pouco mais o sofrimento de Jun quanto à maldição de não poder falar.


O caso é que Jun não só deixa de falar como deixa também de expressar seus sentimentos e opiniões, embora no fundo ela tenha uma grande vontade. O filme mostra como ela busca uma maneira de se expressar sem se prejudicar pela maldição, tendo ela encontrado a música e o teatro como alternativas (mas não necessariamente soluções).


Não é apenas Jun que conta com alguns problemas pessoais para lidar, mas seus três companheiros do Comitê do Festival de Caridade também (ainda que Natsuki não tenha problemas tão intensos assim). Takumi é um garoto que vive com os avós e tem que lidar com a distância dos pais, Natsuki de certa forma se ressente por não ter apoiado Takumi de maneira melhor antes e Daiki precisa lidar com a lesão do seu braço que o impediu de participar de um torneio de beisebol, além dos problemas de relacionamento com membros do clube.


O "vilão" da história (ao menos alegoricamente) é o Ovo Fada, que é uma personificação clara do trauma vivido por Jun quando criança e das consequências que esse trauma lhe causou. Não chega a aparecer em muitas cenas (só é um personagem notório num total de cinco minutos em média), mas sua presença é o suficiente para evidenciar os problemas que Jun passa por não conseguir se expressar.


Não à toa o título do filme é "Kokoro ga Sakebitagatterunda", que significa "Meu Coração Quer Gritar" em tradução mais exata (embora em inglês o título seja "The Anthem of the Heart", traduzível para "O Hino do Coração"). O sentimento de repressão torna a necessidade de Jun se expressar mais intensa. A personagem não emite voz com grande frequência mas seu coração o tempo todo tem o desejo de se pronunciar.


Isso explica bastante sobre como a aproximação de Jun e Takumi. Ele a ajuda a encontrar as melhores formas para ela conseguir expressar seus sentimentos e ela de certa forma acaba contribuindo para fazê-lo refletir sobre seus problemas pessoais.


A ideia da apresentação de uma peça de teatro musical também acaba sendo uma bela alegoria para compreender como Jun se sentiu em meio a tantos conflitos pessoais que não pôde expor por causa da maldição do Ovo Fada. Tal alegoria é apresentada numa história parecia com um conto de fadas, o que dá um tom mais próximo dos acontecimentos das cenas iniciais.


Quanto aos aspectos técnicos, a animação se mostra de muito boa qualidade, assim como foi com o anime e o filme de Anohana. O estúdio A-1 Pictures faz um bom serviço tanto nas sequências reais quanto nas sequências fantasiosas, não deixando a mudança brusca demais.


No entanto, a obra também tem seus pontos desfavoráveis, como sua longa duração, que acaba deixando a trama mais arrastada, principalmente na sequência de acontecimentos finais. Apesar do roteiro não ter tantos momentos de empurrar a obra com a barriga, é possível notar que a obra poderia ser desenvolvida de forma menos lenta.


Com relação à dublagem, o desempenho de Koki Uchiyama (intérprete de Takumi e do Ovo Fada) e Yoshimasa Hosoya (experiente em interpretar tipos rudes como Daiki) é muito bom. Sora Amamiya (Natsuki) e Keiji Fujiwara (professor Joushima) também fazem uma boa interpretação.


Mas é justamente a ainda promissora Inori Minase quem entrega uma interpretação vocal realmente tocante como a protagonista Jun. Chega a surpreender como a jovem intérpreta da Hestia de DanMachi, até então com 19 anos, conseguiu mostrar timing, precisão e intensidade certeiros para a dublagem da personagem, tanto nos momentos iniciais, quando é uma criança tagarela, quanto nos demais momentos do filme, em momentos de introspecção e necessidade de expressar-se.


A trilha sonora instrumental é composta por Mito e Masaru Yokoyama e se mostra bastante caprichada para o funcionamento da obra, principalmente em cenas dramáticas ou com pegadas mais slice of life.


As canções não ficam pra trás. Tanto as músicas que tocam na peça de teatro musical quando as músicas paralelas enriquecem o funcionamento da obra. Também é interessante notar que estão presentes versões japonesas de canções ocidentais clássicas como "Over the Rainbow", de "O Mágico de Oz" (1939), "Greensleeves", de "Como o Oeste Venceu" (1963) e "Those Were the Days". Dentre as músicas paralelas, destaque para Ima Hanashitai Dareka ga Iru, embalada na voz do conhecidíssimo grupo de idols Nogizaka46.


Em suma, Kokoro ga Sakebitagatterunda se mostra um filme tocante e interessante. E, ainda que não seja tão memorável, acaba mostrando uma história emocionante e bem-costurada, tendo uma bela animação e condução como cerejas do bolo.



ONDE ASSISTIR

Para poder assistir e/ou baixar o filme aí vão alguns links onde é possível ter acesso à obra:
Tem ainda o seguinte link que vosso autor deixa disponibilizado.


Bem, pessoal, assim termina mais uma análise de filmes para o Fênix no Sekai.
Até a próxima.




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