quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Análise de Filmes #14 - Snowpiercer



Imagine você um filme sul-coreano com um elenco majoritariamente americano e britânico e que seja a adaptação de uma HQ francesa...Pois bem, é desse mashup cultural que se trata Snowpiercer ou O Expresso do Amanhã em sua versão brasileira, lançado em 2013 sob direção de Bong Joon-ho com grande elenco, o filme adapta a HQ Le Transperceneige, criada por Jacques Lob e Jean-Marc Rochette. 

O filme de ficção científica pós apocalíptica conta a história de um mundo congelado após o sucesso excessivo de um agente químico lançado na atmosfera do planeta para prevenir o problema do aquecimento global, os últimos sobreviventes da humanidade se refugiam em um trem super tecnológico que dá a volta na terra partindo o gelo em seu caminho e mantendo o que sobrou da humanidade em um ambiente alto sustentável.  



É nessa premissa quase surrealista originada de uma história em quadrinhos europeia que se desenvolve a trama do filme, que se trata de uma revolta dos habitantes dos últimos vagões do trem que vivem em condições desfavoráveis em relação aos habitantes dos vagões dianteiros, em uma situação de opressão que é quase um campo de concentração reinado pela violência dos guardas e pela total falta de respeito pela vida por parte dos líderes dos vagões dianteiros.

Curtis, em um desafio ao autoritarismo vigente.

Liderados por Curtis, personagem vivido por Chris Evans, os passageiros dos últimos vagões tentam chegar a frente do trem e assumir o controle do veículo que é tudo oque sobrou do mundo humano, em uma batalha sangrenta que ao final resulta em muito choque de realidade por parte dos revolucionários ao se depararem com o luxo vívido pelos passageiros dos vagões dianteiros.



A direção que Bog Joon-ho entrega no filme ensina muito sobre o estilo de cinema coreano, o filme conta com muitas cenas de ação e uma violência representadas de forma crua e pouco estilizada, as cenas de luta nos vagões apertados do trem com certeza são de causar mal estar em claustrofóbicos, além das representações dos vagões do trem que tendem a ser muito mais conceituais do que práticas, oque rende algumas críticas negativas por parte de expectadores que esperavam por um filme mais racional e menos representativo.



Acompanhar a trajetória de Curtis pelo trem é quase como imergir em um mundo de fantasia, ver os vagões dianteiros como algo prático para vida humana não é o objetivo aqui, está tudo na representatividade que eles proporcionam, até mesmo a escolha dos vagões a serem mostrados é feita com base unicamente na construção de roteiro. Essa construção narrativa e temática bem amarrada, juntamente com a excelente direção de arte rendeu muitos elogios ao diretor e a equipe de produção, assim como muitas críticas positivas ao filme.

Yona(Ko Ah-sung) e os demais personagens atravessando o vagão aquário.

Além de Chris Evans, o filme conta com outras estrelas no elenco como John Hurt, figurinha carimbada  em filmes de futuros distópicos, tendo já participado de filmes como 1984, onde interpreta o mocinho oprimido e V de Vingança, onde interpreta o ditador opressor. Neste filme ele dá vida a Gillian, o sábio líder dos passageiros dos últimos vagões que serve como conselheiro para Curtis, em quem vê o futuro da revolução de seu povo.

Gillian aconselhando seu povo.

Também participa do filme Tilda Swinton, que empresta sua beleza alienígena para dar vida a Mason, a coordenadora do trem com visual e trejeitos exagerados que cobre a cota de estranheza futurística que este tipo de filme geralmente contém.

Mason

Além dela o filme também conta com Ed Harris, que interpreta  Wilford, o responsável pela construção do trem, que é visto como uma divindade pelos habitantes da dianteira e como um ditador pelos habitantes da traseira. O ator coreano Kang-ho Sang também participa do filme, vivendo Namgoong, um perito em segurança viciado em drogas que auxilia Curtis em sua empreitada para chegar na dianteira do trem, tendo seus próprios planos em mente.

Namgoong e sua filha Yona.

O filme traz consigo uma gloriosa gama de críticas sociais, seja pela representação simples da sociedade moderna em forma de trem, com todas suas divisões de classes ou pela clara simbologia da luta social vívida pelas classes baixas, que no filme ganha contornos literais. Isto tudo aliada a excelente construção narrativa já citada e as muitas cenas de ação de tirar o fôlego de tão tensas proporcionaram ao filme ser um sucesso de crítica.

Wilford

Curiosidades: 


- O filme é o primeiro trabalho em inglês do diretor Joon-ho Bong.

- Como se não bastasse todo o intercâmbio cultural presente na produção do filme, as filmagens  do longa foram realizadas inteiramente em Praga, República Tcheca.

- Os desenhos presentes no filme foram feitos por Jean-marc Rochete, o artista da HQ na qual o filme se baseia.

- O personagem Mason, vivido por Tilda Swinton foi originalmente pensado como um homem.

- Joon-ho Bong inicialmente ficou receoso em escalar Chris Evans para viver Curtis, isso porquê o físico "bombado" do ator não condizia com a realidade do personagem, a produção usou o figurino e ângulos de câmera para atenuar a discrepância.

- A cena retratada abaixo é uma das coisas mais tensas já presenciadas no cinema(esse sou eu falando):



Pois bem queridos leitores, essa foi a primeira análise de filmes feita por minha parte, pois sim, se você leu o artigo inteiro pensando se tratar do Diego, sinto muito desapontar. Lembrando que este é o segundo filme live action a dar as caras no blog e que apesar de ser um filme de 2013, ele só veio chegar nos cinemas brasileiros em 2015, e claro, ele é altamente recomendável. Então foi isso meus amados, não se esqueçam de recomendar o o post e o blog para seus amigos, vizinhos e para o cara que sentar do seu lado no metrô. Até a próxima. o/

Para mais informações: Imdb, AdoroCinema.

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